domingo, 16 de maio de 2010

Da incondicionalidade

Para Thiana Samira

De repente se fez um desespero, uma inquietação, um tumulto. Meu coração teme perder mais uma vez. A hora se aproxima e a mente, por mais pulsante e cerca do racional, briga com a alma que tem medo de solidão. Não sei como (re)agir diante de mais uma separação imposta pelos traçados do relógio.

Espero que nunca saiba do quanto te amo, para que nosso adeus soe como um até mais.

Duas horas da tarde, o quarto, o sangue, a bala. Mais um suicídio amigável.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

As compras no chão e a felicidade transbordando os céus. Estávamos no nosso apartamento. G foi estacionar o carro enquanto eu subia para o 208 com material de limpeza. Assim que estacionei as sacolas, aquele homem que há 5 minutos subiu as escadas, anunciou o assalto. O portão principal trancado, somos novos no prédio, G está dando voltas pelo centro da cidade, vai demorar, 208, ele me forçará a entrar, as mãos do homem para trás, passa o celular, o celular está velho, remendado com super bonder, passa o dinheiro, CNPQ só em maio, 5 centavos na carteira, mochila no chão, a digital de G, a calcinha, o absorvente, eu, tudo no chão de cabeça baixa, os cuidados do meu pai, o molho de chaves de G, baixa a cabeça, ele ainda pode me machucar, o circulador de ar na caixa, ele não leva, as chaves ficarão no portão, fique caladinha, não me siga, ele não tem arma, estou sozinha, tem força, meu amigo, o assalto, o terço, a santa na carteira, ele morreu num assalto, também não reagiu, G enlouqueceria, as perninhas finas descem as escadas, eu desço, ligar pra G, como?, o velho digita do seu celular, G corre pela rua, a locadora, só há mulheres no prédio, foram as perninhas, o abraço, a polícia, o 208. As compras no alto do armário e a felicidade no chão.